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sábado, 19 de novembro de 2011

Tempo Certo - Paulo Coelho

De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas; tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer:
Qual é esse tempo certo?
Bom, basta observar os sinais.
Quando alguma coisa está para acontecer ou chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer.
Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da situação ou da pessoa certa. 
Basta você acreditar que nada acontece por acaso.
Talvez seja por isso que você esteja agora lendo estas linhas. 
Tente observar melhor o que está a sua volta.
Com certeza alguns desses sinais já estão por perto e você nem os notou ainda. 
Lembre-se, que o universo sempre conspira a seu favor quando você possui um
objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.

domingo, 30 de outubro de 2011

Hoje tive um dia muito bom; quero compartilhar com vocês:
Minha filha sempre teve o sonho de tocar violino desde pequena.
O tempo foi passando, e o sonho continuou. Finalmente, ela teve a oportunidade de aprender.
Hoje foi a primeira apresentação, e foi emocionante.
Confesso que eu e principalmente o Bobby - nosso mascote canino - sofremos um pouco durante os primeiros ensaios (na verdade eram arranhões - pobre instrumento...!), mas valeu a pena!
Vejam só que linda (eh mãe babona....)




terça-feira, 18 de outubro de 2011

Olá, pessoas!!
Me perdoem pelo "sumiço". Ando meio ocupada - estou me reestruturando profissionalmente, e isso tem me tomado bastante tempo. Em breve terei ótimas novidades.
Só posso adiantar que a minha fé em Deus e em Jesus tem me sustentado e mostrado os caminhos que devo seguir. Estou confiante e feliz, buscando o melhor para mim e minha família. Por isso repito: nunca percam a esperança e a fé - principalmente nos momentos mais difíceis.

Tenham uma ótima semana!!!

sábado, 24 de setembro de 2011

Você levaria ou deixaria?

"Dizem que o jurista Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu barulho vindo do quintal. Chegando lá constatou que havia um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se do indivíduo e bateu nas costas do invasor:
- Ô bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes e sim pelo ato sorrateiro de galgares as profanas de minha residência. Se fazes isso por necessidade, transito; mas se é para zombares de minha alta prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que reduzir-te-ei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada!
E então o ladrão disse:
- Ô moço, levo ou deixo?"

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Oiê!!!

Gente, ando meio chateada com as notícias do Congresso Nacional, da Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal da minha cidade - fico enojada com as manobras políticas que eles usam para se safar; me dá vontade de gritar!!!!!
Esses tempos atrás eu recebi um e-mail que falava sobre o que uma escritora holandesa falou sobre o Brasil. Entre outras coisas, ela dizia que nós, brasileiros, não damos valor ao que temos - temos muitas coisas boas, sim, muitas conquistas, não há como negar.
Mas como se orgulhar de um país onde reina a corrupção, a inversão de valores e o imoralidade?
Lembrei de uma piada que ilustra bem o que estou tentando dizer, é mais ou menos assim:
"Quando Deus criou o mundo, na divisão que propôs, decidiu: esse país se chamará Estados Unidos, será de primeiro mundo, com pessoas capacitadas para administrar, será muito rico. E um anjo respondeu: Senhor, mas há muitos furacões, tempestades... e Deus respondeu: não se pode ter tudo de bom e nada de ruim pra contrabalançar.
Em seguida, Deus disse: esse país se chamará Brasil, será do terceiro mundo, mas com muitas riquezas naturais, belas paisagens, sem tragédias naturais, será lindo! E o anjo questionou: Senhor, é muito bonito, mas será assim mesmo, perfeito? O Senhor não está se contradizendo?
E Deus respondeu: É, é um país maravilhoso, mas não, não será perfeito, pois vou botar lá um povinho...

domingo, 28 de agosto de 2011

Usando o lado oposto

Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência. Às vezes usa a raiva, para que possamos compreender o infinito valor da paz. Outras vezes usa o tédio, quando quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos. Às vezes usa o cansaço para que possamos compreender o valor do despertar. Outras vezes usa a doença quando quer nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo para nos ensinar sobre a água. Às vezes usa a terra, para que possamos compreender o valor do ar. Outras vezes usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida.


Paulo Coelho

sábado, 20 de agosto de 2011


A beleza do por do sol existe porque é passageira. Se sua realidade não fosse transitória, não receberia nossa atenção.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Oi pessoal!!
Quero desejar a todos uma ótima semana.

Não deixem que as adversidades da vida atrapalhem a sua jornada.
Digo isso porque eventualmente vai acontecer de vermos nossos planos irem por água abaixo... mas temos que ser teimosos, persistentes.
Quando o objetivo a ser alcançado é algo bom, que vai acrescentar em nossas vidas, não devemos desistir. As dificuldades só farão com que o gostinho da vitória seja mais doce...

Um abraço!!

Guerreiro da Luz


Todo guerreiro da luz já ficou com medo de entrar em combate.
Todo guerreiro da luz já traiu e mentiu no passado.
Todo guerreiro da luz já perdeu a fá no futuro.
Todo guerreiro da luz já trilhou um caminho que não era o dele.
Todo guerreiro da luz já sofreu por coisas sem importância.
Todo guerreiro da luz já achou que não era guerreiro da luz.
Todo guerreiro da luz já falhou em suas obrigações espirituais.
Todo guerreiro da luz já disse sim quando queria dizer não.
Todo guerreiro da luz já feriu alguém que amava.
Por isso é um guerreiro da luz: porque passou por tudo isso, e não perdeu a esperança de ser melhor do que era.

Paulo Coelho

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Frio de novo!!!...

Achei que o frio tinha dado uma trégua, mas eis que depois da chuva... veio novamente.
Particularmente, eu gosto do inverno - pra dormir, comer, ficar sem fazer nada... claro que tem suas limitações, mas é uma estação do ano que me dá a impressão de haver mais solidariedade entre as pessoas.
Com certeza teremos muitos encontros em família só pra curtir um filminho, acompanhado de uma pipoquinha e uma cobertinha. São momentos que valem ouro!!!.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Oi pessoal, eis algumas fotos do meu cachorrinho, o Bobby.
Neste tempinho de frio, ele mais parece um urso - fica hibernando praticamente o dia todo.
Essa raça - lhasa apso - é muito boa para se ter em espaços pequenos ou apartamentos. Desde o primeiro dia em casa, acostumamos a deixá-lo sozinho, por isso é um animalzinho muito calmo - ele só late quando quer comer. É uma ótima companhia. Já está conosco há cinco anos - é um membro da família!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Esse é o Bobby, o queridinho da casa...

O mascote da casa!!

Oi pessoal!!
Quero compartilhar com vocês um episódio que aconteceu comigo que me fez parar e refletir sobre a efemeridade e a fragilidade da vida.
Estava eu, caminhando, no final da tarde de hoje, quando do nada surgiu um caminhão a uns 50 metros de mim e, numa manobra, arrebentou os fios de alta tensão: foi um estouro danado, transformadores explodindo, fios caindo à minha direita, à minha esquerda, na minha frente, acima da minha cabeça. Carros à minha volta totalmente desnorteados, correndo dos fios que chicoteavam por todos os lados. Eu, num impulso, corri, juntamente com outras pessoas que passavam na rua. Foram segundos de pânico absoluto, passado o pavor, pensei sobre a fragilidade da vida: num segundo, pode-se perdê-la... e aí tive a sensação de que podia ter feito melhor as coisas; de que eu podia ter morrido e não ter realizado sonhos, concretizado projetos, enfim, o medo de morrer sem antes ter dado uma palavra de apoio, um gesto de carinho...
Cheguei à seguinte conclusão: não vou deixar para amanhã o que posso fazer hoje; não vou ficar constrangida com o que os outros vão pensar ao sentir aquela vontade (que vem do nada...) de abraçar e beijar os que amo, de dizer e demonstrar meu amor ao próximo...
Acredito que Deus tem muitas maneiras de se revelar. ELE sempre está nos enviando sinais, mas a gente tem a mania de ignorar, então, ELE dá uma sacudida, um susto, mas é só pra gente acordar...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

POEMA FEMININO

Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado
Um primo meio tarado
Ou um amigo meio viado?
Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir
Um porre de cair
Ou um lexotan pra dormir?

Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou
Pra ter a perna depilada,
Pra aturar uma empregada
Ou trabalhar menstruada?

Que mulher nunca comeu
Uma caixa de bis, por ansiedade
Um alface, no almoço, por vaidade,
Ou um canalha por saudade?

Que mulher nunca apertou
O pé no sapato pra caber,
A barriga, pra emagrecer,
Ou um ursinho pra não enlouquecer/

Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone
Que não pensa em silicone
Que dele não lembra nem o nome?

segunda-feira, 23 de maio de 2011


Leia prefácio do livro "Terra" escrito por José Saramago
19 de junho de 2010

O massacre de Eldorado dos Carajás completava um ano. Dezenove integrantes do MST haviam sido brutalmente assassinados pela polícia. Em abril de 1997, o fotógrafo Sebastião Salgado, o escritor português José Saramago e o compositor Chico Buarque lançam um livro/cd para relembrar o fato e marcar a importância da luta pelo chão: Terra (Companhia das Letras, 1999).
As fotos de Salgado retratam de forma realista os assentamentos e a vida dos trabalhadores rurais. A introdução, a cargo de Saramago, é dura. Lembra das promessas não-cumpridas do governo brasileiro pela reforma agrária.
Entre as canções de Chico, duas exclusivas: Levantados do Chão (com Milton Nascimento) e Assentamento, que narra o sentimento de um migrante ao perceber que a cidade grande “não mora” mais nele. (informações de Brasil Almanaque da Cultura Popular)
Abaixo, leia o prefácio do livro, escrito por José Saramago.
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É difícil defender
só com palavras a vida
(ainda mais quando ela é
esta que vê, severina).
João Cabral de Melo Neto

Oxalá não venha nunca à sublime cabeça de Deus a idéia de viajar um dia a estas paragens para certificar-se de que as pessoas que por aqui mal vivem, e pior vão morrendo, estão a cumprir de modo satisfatório o castigo que por ele foi aplicado, no começo do mundo, ao nosso primeiro pai e à nossa primeira mãe, os quais, pela simples e honesta curiosidade de quererem saber a razão por que tinham sido feitos, foram sentenciados, ela, a parir com esforço e dor, ele, a ganhar o pão da família com o suor do seu rosto, tendo como destino final a mesma terra donde, por um capricho divino, haviam sido tirados, pó que foi pó, e pó tornará a ser. Dos dois criminosos, digamo-lo já, quem veio a suportar a carga pior foi ela e as que depois dela vieram, pois tendo de sofrer e suar tanto para parir, conforme havia sido determinado pela sempre misericordiosa vontade de Deus, tiveram também de suar e sofrer trabalhando ao lado dos seus homens, tiveram também de esforçar-se o mesmo ou mais do que eles, que a vida, durante muitos milénios, não estava para a senhora ficar em casa, de perna estendida, qual rainha das abelhas, sem outra obrigação que a de desovar de tempos a tempos, não fosse ficar o mundo deserto e depois não ter Deus em quem mandar.
Se, porém, o dito Deus, não fazendo caso de recomendações e conselhos, persistisse no propósito de vir até aqui, sem dúvida acabaria por reconhecer como, afinal, é tão pouca coisa ser-se um Deus, quando, apesar dos famosos atributos de omnisciência e omnipotência, mil vezes exaltados em todas as línguas e dialectos, foram cometidos, no projecto da criação da humanidade, tantos e tão grosseiros erros de previsão, como foi aquele, a todas as luzes imperdoável, de apetrechar as pessoas com glândulas sudoríparas, para depois lhes recusar o trabalho que as faria funcionar - as glândulas e as pessoas. Ao pé disto, cabe perguntar se não teria merecido mais prémio que castigo a puríssima inocência que levou a nossa primeira mãe e o nosso primeiro pai a provarem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A verdade, digam o que disserem autoridades, tanto as teológicas como as outras, civis e militares, é que, propriamente falando, não o chegaram a comer, só o morderam, por isso estamos nós como estamos, sabendo tanto do mal, e do bem tão pouco.
Envergonhar-se e arrepender-se dos erros cometidos é o que se espera de qualquer pessoa bem nascida e de sólida formação moral, e Deus, tendo indiscutivelmente nascido de Si mesmo, está claro que nasceu do melhor que havia no seu tempo. Por estas razões, as de origem e as adquiridas, após ter visto e percebido o que aqui se passa, não teve mais remédio que clamar mea culpa, mea maxima culpa, e reconhecer a excessiva dimensão dos enganos em que tinha caído. É certo que, a seu crédito, e para que isto não seja só um contínuo dizer mal do Criador, subsiste o facto irrespondível de que, quando Deus se decidiu a expulsar do paraíso terreal, por desobediência, o nosso primeiro pai e a nossa primeira mãe, eles, apesar da imprudente falta, iriam ter ao seu dispor a terra toda, para nela suarem e trabalharem à vontade. Contudo, e por desgraça, um outro erro nas previsões divinas não demoraria a manifestar-se, e esse muito mais grave do que tudo quanto até aí havia acontecido.
Foi o caso que estando já a terra assaz povoada de filhos, filhos de filhos e filhos de netos da nossa primeira mãe e do nosso primeiro pai, uns quantos desses, esquecidos de que sendo a morte de todos, a vida também o deveria ser, puseram-se a traçar uns riscos no chão, a espetar umas estacas, a levantar uns muros de pedra, depois do que anunciaram que, a partir desse momento, estava proibida (palavra nova) a entrada nos terrenos que assim ficavam delimitados, sob pena de um castigo, que segundo os tempos e os costumes, poderia vir a ser de morte, ou de prisão, ou de multa, ou novamente de morte. Sem que até hoje se tivesse sabido porquê, e não falta quem afirme que disto não poderão ser atiradas as responsabilidades para as costas de Deus, aqueles nossos antigos parentes que por ali andavam, tendo presenciado a espoliação e escutado o inaudito aviso, não só não protestaram contra o abuso com que fora tornado particular o que até então havia sido de todos, como acreditaram que era essa a irrefragável ordem natural das coisas de que se tinha começado a falar por aquelas alturas. Diziam eles que se o cordeiro veio ao mundo para ser comido pelo lobo, conforme se podia concluir da simples verificação dos factos da vida pastoril, então é porque a natureza quer que haja servos e haja senhores, que estes mandem e aqueles obedeçam, e que tudo quanto assim não for será chamado subversão.
Posto diante de todos estes homens reunidos, de todas estas mulheres, de todas estas crianças (sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra, assim lhes fora mandado), cujo suor não nascia do trabalho que não tinham, mas da agonia insuportável de não o ter, Deus arrependeu-se dos males que havia feito e permitido, a um ponto tal que, num arrebato de contrição, quis mudar o seu nome para um outro mais humano. Falando à multidão, anunciou: “A partir de hoje chamar-me-eis Justiça.” E a multidão respondeu-lhe: “Justiça, já nós a temos, e não nos atende. Disse Deus: “Sendo assim, tomarei o nome de Direito.” E a multidão tornou a responder-lhe: “Direito, já nós o temos, e não nos conhece." E Deus: "Nesse caso, ficarei com o nome de Caridade, que é um nome bonito.” Disse a multidão: “Não necessitamos caridade, o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite.” Então, Deus compreendeu que nunca tivera, verdadeiramente, no mundo que julgara ser seu, o lugar de majestade que havia imaginado, que tudo fora, afinal, uma ilusão, que também ele tinha sido vítima de enganos, como aqueles de que se estavam queixando as mulheres, os homens e as crianças, e, humilhado, retirou-se para a eternidade. A penúltima imagem que ainda viu foi a de espingardas apontadas à multidão, o penúltimo som que ainda ouviu foi o dos disparos, mas na última imagem já havia corpos caídos sangrando, e o último som estava cheio de gritos e de lágrimas.

No dia 17 de Abril de 1996, no estado brasileiro do Pará, perto de uma povoação chamada Eldorado dos Carajás (Eldorado: como pode ser sarcástico o destino de certas palavras...), 155 soldados da polícia militarizada, armados de espingardas e metralhadoras, abriram fogo contra uma manifestação de camponeses que bloqueavam a estrada em acção de protesto pelo atraso dos procedimentos legais de expropriação de terras, como parte do esboço ou simulacro de uma suposta reforma agrária na qual, entre avanços mínimos e dramáticos recuos, se gastaram já cinqüenta anos, sem que alguma vez tivesse sido dada suficiente satisfação aos gravíssimos problemas de subsistência (seria mais rigoroso dizer sobrevivência) dos trabalhadores do campo. Naquele dia, no chão de Eldorado dos Carajás ficaram 19 mortos, além de umas quantas dezenas de pessoas feridas. Passados três meses sobre este sangrento acontecimento, a polícia do estado do Pará, arvorando-se a si mesma em juiz numa causa em que, obviamente, só poderia ser a parte acusada, veio a público declarar inocentes de qualquer culpa os seus 155 soldados, alegando que tinham agido em legítima defesa, e, como se isto lhe parecesse pouco, reclamou processamento judicial contra três dos camponeses, por desacato, lesões e detenção ilegal de armas. O arsenal bélico dos manifestantes era constituído por três pistolas, pedras e instrumentos de lavoura mais ou menos manejáveis. Demasiado sabemos que, muito antes da invenção das primeiras armas de fogo, já as pedras, as foices e os chuços haviam sido considerados ilegais nas mãos daqueles que, obrigados pela necessidade a reclamar pão para comer e terra para trabalhar, encontraram pela frente a polícia militarizada do tempo, armada de espadas, lanças e alabardas. Ao contrário do que geralmente se pretende fazer acreditar, não há nada mais fácil de compreender que a história do mundo, que muita gente ilustrada ainda teima em afirmar ser complicada demais para o entendimento rude do povo.
Pelas três horas da madrugada do dia 9 de Agosto de 1995, em Corumbiara, no estado de Rondônia, 600 famílias de camponeses sem terra, que se encontravam acampadas na Fazenda Santa Elina, foram atacadas por tropas da polícia militarizada. Durante o cerco, que durou todo o resto da noite, os camponeses resistiram com espingardas de caça. Quando amanheceu, a polícia, fardada e encapuçada, de cara pintada de preto, e com o apoio de grupos de assassinos profissionais a soldo de um latifundiário da região, invadiu o acampamento. varrendo-o a tiro, derrubando e incendiando as barracas onde os sem-terra viviam. Foram mortos 10 camponeses, entre eles uma menina de 7 anos, atingida pelas costas quando fugia. Dois polícias morreram também na luta.
A superfície do Brasil, incluindo lagos, rios e montanhas, é de 850 milhões de hectares. Mais ou menos metade desta superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente considerada apropriada ao uso e ao desenvolvimento agrícolas. Ora, actualmente, apenas 60 milhões desses hectares estão a ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante, salvo as áreas que têm vindo a ser ocupadas por explorações de pecuária extensiva (que, ao contrário do que um primeiro e apressado exame possa levar a pensar, significam, na realidade, um aproveitamento insuficiente da terra), encontra-se em estado de improdutividade, de abandono. sem fruto.
Povoando dramaticamente esta paisagem e esta realidade social e económica, vagando entre o sonho e o desespero, existem 4 800 000 famílias de rurais sem terras. A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingénuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. Os 19 mortos de Eldorado dos Carajás e os 10 de Corumbiara foram apenas a última gota de sangue do longo calvário que tem sido a perseguição sofrida pelos trabalhadores do campo, uma perseguição contínua, sistemática, desapiedada, que, só entre 1964 e 1995, causou 1 635 vítimas mortais, cobrindo de luto a miséria dos camponeses de todos os estados do Brasil. com mais evidência para Bahia, Maranhão. Mato Grosso, Pará e Pernambuco, que contam, só eles, mais de mil assassinados.
E a Reforma Agrária, a reforma da terra brasileira aproveitável, em laboriosa e acidentada gestação, alternando as esperanças e os desânimos, desde que a Constituição de 1946, na seqüência do movimento de redemocratização que varreu o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial, acolheu o preceito do interesse social como fundamento para a desapropriação de terras? Em que ponto se encontra hoje essa maravilha humanitária que haveria de assombrar o mundo, essa obra de taumaturgos tantas vezes prometida, essa bandeira de eleições, essa negaça de votos, esse engano de desesperados? Sem ir mais longe que as quatro últimas presidências da República, será suficiente relembrar que o presidente José Sarney prometeu assentar 1.400.000 famílias de trabalhadores rurais e que, decorridos os cinco anos do seu mandato, nem sequer 140.000 tinham sido instaladas; será suficiente recordar que o presidente Fernando Collor de Mello fez a promessa de assentar 500.000 famílias, e nem uma só o foi; será suficiente lembrar que o presidente Itamar Franco garantiu que faria assentar 100.000 famílias, e só ficou por 20.000; será suficiente dizer, enfim, que o actual presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu que a Reforma Agrária irá contemplar 280.000 famílias em quatro anos, o que significará, se tão modesto objectivo for cumprido e o mesmo programa se repetir no futuro, que irão ser necessários, segundo uma operação aritmética elementar, setenta anos para assentar os quase 5.000.000 de famílias de trabalhadores rurais que precisam de terra e não a têm, terra que para eles é condição de vida, vida que já não poderá esperar mais. Entretanto, a polícia absolve-se a si mesma e condena aqueles a quem assassinou.

O Cristo do Corcovado desapareceu, levou-o Deus quando se retirou para a eternidade, porque não tinha servido de nada pô-lo ali. Agora, no lugar dele, fala-se em colocar quatro enormes painéis virados às quatro direcções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE CUMPRA.
JOSÉ SARAMAGO
1997


Fotos de Sebastião Salgado - MST


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Para refletirmos....
LIMITES NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS
Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos; mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.
O grave é que estamos lidando com crianças mais espertas, ousadas, agressivas e poderosas do que nunca. Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter tido, passamos de um extremo ao outro: assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos...
Somos os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E, o que é pior, os últimos que respeitamos os pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.
À medida que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que poucos os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira, que respeitem suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso,os patrocinem no que necessitarem para tal fim...
Quer dizer, os papéis se inverteram: agora são os pais se esforçam para agradar seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.
Isso explica o esforço que fazem hoje, tanto pais como mães para serem os melhores amigos e dar tudo a seus filhos.
Dizem que os extremos se atraem: se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo dos pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo aos nos ver tão débeis e perdidos como eles.
Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los, quando não os podemos conter, e de guiá-los, enquanto não sabem para onde vão.
Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca. Apenas uma atitude firme e respeitosa lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar sua vida enquanto forem menores, porque vamos à frente, liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade. É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade, que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.
Os limites abrigam o indivíduo - com amor e profundo respeito.
(este texto me foi passado como sendo de autoria de Mônica Monastério - de Madrid, na Espanha. Se é dela ou não, o autor tem meus parabéns.)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

LOUCOS E SANTOS - Oscar Wilde

Escolho os meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero respostas, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso só sendo louco.
Quero os santos, para que duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Nâo quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos, quero-os metade infância e a outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

wallpapers mania - google




Paulo Coelho

Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo.
Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou,
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos,
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos:
Os assassinos estão livres, nós não estamos...

Trecho de Teatro dos vampiros
R. Russo

domingo, 10 de abril de 2011

Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

William Shakespeare